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27º ☕Café com a Direção - “A desafiadora construção do papel de pais na família contemporânea.”


No último encontro do Café com a Direção recebemos a Psicóloga e Psicanalista Priscilla Umeda para um bate-papo sobre “A desafiadora construção do papel de pais na família contemporânea.” 

Convidamos os pais e responsáveis a lerem o texto abaixo e refletirmos durante o encontro. 

EM TERRA FIRME!

Sempre que se fala a respeito da formação das crianças e dos jovens, há um tema que é presença constante em qualquer discussão, seja ela na porta da escola, numa palestra ou nos consultórios: os limites e, como costumo brincar, suas infinitas variações. As variações são infinitas, pois, mesmo sem sabermos, lidamos com limites em relação aos pequenos desde muito cedo: quando oferecemos ao bebê a casa mais quieta e escura ao anoitecer e mais clara e barulhenta durante o dia, já estamos dando início a um processo que se estende por toda vida da criança. Assim, os filhos não passam a demandar limites, quando os questionam verbalmente ou os burlam explicitamente, eles os demandam desde que nascem. Conforme os filhos vão crescendo, cada vez mais os seus questionamentos vão requerendo dos pais uma demonstração de firmeza, coerência e confiança nos próprios valores. Para podermos pensar nisso, é importante ressaltarmos que firmeza é diferente de crueldade e autoritarismo; e coerência é diferente de intransigência.

É proposital a retomada desses termos, pois muito não se tem feito em nome dessas confusões.

Para muitas famílias, os questionamentos dos filhos em relação aos valores, ao invés de serem tratados como o que são ( um questionamento, uma questão, uma pergunta), são tratados como o que buscam: são tratados como a resposta!

Em relação ao "ficar", ou em relação à roupa da moda, pouco importa, os pais, muitas vezes, ao notarem que pensam diferente do filho, que não concordam com os argumentos que ele coloca, sentem-se acuados e passam a questionar os seus próprios valores, ao invés de oferecê-los aos seus filhos.

Se os pais não acham apropriado que o filho faça isto ou aquilo, não devem relutar em colocar isso diretamente. Isto não significa que o filho vá acatar, mas as crianças e os jovens, para saberem quem são, precisam saber como são seus pais, o que pensam, no que acreditam, mesmo que seja para não concordarem. Em resumo, precisam saber os contornos e limites de sua própria família , para compará-los aos outros que lhe são oferecidos. 

Em nome de uma pseudo-modernidade, muitos pais tem deixado vago seu lugar intransferível e exclusivo, de pais, para ocuparem outros(de confidente ou melhor amigo) para os quais há inúmeros substitutos e suplentes mais habilitados.

A teoria de que, quanto mais novo e moderno melhor, pode adaptar-se muito bem a eletrodomésticos ou veículos(ainda assim com ressalvas), mas a outros aspectos, como aqueles ligados à própria família, nem sempre é assim.

Se os pais acham que é cedo demais para seu filho ou filha "ficar" com alguém, não devem temer dizê-lo," pois afinal todos estão ficando", ou porque "se eu disser que sou contra, ele não irá me contar, fará escondido". Como pais são pais, em primeiro lugar, e não confidentes, para tal lugar os amigos são os mais habilitados, inclusive, porque partilham das mesmas opiniões, cabe lembrar que as opiniões diferentes de quem viveu mais, os ama acima de tudo e tem por obrigação educá-los sempre fará diferença.

Fazer diferença, não é simplesmente ser acatado, pode ser inclusive ser burlado, mas o registro do que a família acha correto está feito, e a responsabilidade do jovem pode ser acionada: se ele sabe qual é a regra e a transgride pode ser responsabilizado, mas se ele não sabe, o peso das conseqüências recai sobre quem não informou e não formou. Não é por acaso que os esportes radicais estejam cada vez mais sendo procurados pelos jovens, afinal é uma situação onde os limites são claríssimos: a partir do ponto X não há mais retorno, é a morte!

Cabe aos pais e aos profissionais colaborarmos para que achem o que procuram um pouco mais perto, do que a muitos metros do solo, quem sabe em terra firme, em casa!


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